As boas novas que Jesus pregou produziam o desespero dos religiosos e a alegria das multidões. Boas novas eram notícias de alegria, celebração, boas surpresas a todo o momento.
Jesus proclamou as boas novas do Reino para todas as áreas da existência. Jesus era o Santo dos santos, a Arca da Aliança, a Shekinah perambulando entre os homens. Deus há muito não estava sobre os querubins no santo dos santos do templo dos homens.
O Reino eram as boas novas. O Reino contrastava com a religião de seus pais que era apenas parte dessa existência. Todo o povo vivia baixo à tirania do Império Romano o qual difundia uma opressão generalizada somada à opressão religiosa. O Reino era tudo.
Toda religião baseia-se inteiramente na experiência e no registro do passado de outras pessoas. Seguir a Jesus é deixar a religião dos antepassados para viver com Ele no presente.
Seguir a Jesus não pode ser religião porque religião condiciona o estilo de vida do indivíduo. O estilo de vida está posto para se adequar à religião.
Seguir a Jesus é o próprio estilo de vida. É a própria caminhada no Caminho no ermo. Coisa Nova. Coisa Nova. O que se faz aqui se faz em qualquer lugar e templo é apenas um lugar qualquer não mais sagrado do que qualquer quarto de nossa casa.
Quando Jesus foi batizado por João, renunciou e rompeu de vez com a religião de Seus pais.
Quando os discípulos ouviram e responderam ao “Vem e segue-Me” de Jesus, naturalmente deixaram para trás sua vida religiosa, e não podia ser diferente, para se tornarem somente seguidores de Jesus.
Jesus participou de todas as festas religiosas dos judeus, mas não se prendeu ao que representavam ou significavam. Eram sombras do que havia de vir. E Jesus estava ali, já tinha vindo. Ele era a revelação final de cada uma dessas sombras.
A “Páscoa”, e deveria ser a última, que comeu com os discípulos antes de morrer na Cruz, não foi celebrada como um ritual ou como um memorial da libertação e saída de Seu povo do Egito simplesmente, mas ali mesmo inaugurou a Nova Aliança com Seus discípulos.
A Páscoa era uma festa da Antiga Aliança; todo ano comemorava-se a Páscoa e matava-se um cordeiro para ser comido por inteiro. O Cordeiro Pascal era Jesus. E Ele estava presente.
A Nova Aliança tem somente um Cordeiro, morto uma só vez para sempre, que ressuscitou.
O Cordeiro está vivo. Isso é tão diferente da Antiga Aliança, que exigia todo ano um cordeiro morto.
Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Tira o pecado do mundo porque, tendo sido morto, agora vive.
A religiosidade do homem é inerente. Todo ser humano nasce religioso. O pecado, a corrupção e a maldade do homem sempre geram nele a necessidade da prática de uma religião, visto que não conhece o Cordeiro de Deus. E toda religião gera culpa e condenação; e delas se alimenta e se abastece em maior ou em menor medida.
Invariavelmente, a religião demanda o esforço próprio do homem para se aproximar da divindade, apaziguá-la e servi-la, visto que o homem não conhece ao Verbo de Deus naturalmente. Sem a Revelação do Filho ninguém conhece o Pai. Sem que o Pai revele o Filho ninguém consegue conhecê-Lo.
Qualquer religião transforma, no máximo, apenas o exterior do homem. Não há ninguém que consiga ter sua natureza nem seu coração transformados pela observância de nenhuma religião.
O Cristianismo não é diferente. É uma mistura de várias manifestações religiosas, desde o Catolicismo com a salvação pelas obras, aos outros seguimentos que embora afirmem que a salvação não seja pelas obras, curas, bênçãos, prosperidade e tantas outras benesses são alcançadas pela prática de alguma obra.
Como o Cristianismo não transforma ninguém produz no homem uma necessidade de pagar pelas bênçãos que recebe para compensar a falta de mudança em sua vida. Suas ofertas são dadas e as obrigações da religião são observadas para fazerem a si mesmos merecedores da bênção da divindade.
Essa realidade está enraizada na cultura religiosa dos brasileiros, de fato, de todos os homens de todos os credos em toda a Terra.
De modo geral, a religiosidade cristã se robustece do sentido literal das Escrituras e, assim, impõe seu legalismo a todos os aspectos da vida. Embora conscientemente diga-se que se serve apenas a um Deus, Deus se torna um conjunto de entidades. Um deus que cura. Um deus que prospera. Um deus que abençoa. Um deus que não se satisfaz com nenhuma oferta, é necessário fazer-lhe contínuas e ininterruptas ofertas. Para o deus que salva basta somente fé, mas para receber qualquer outra benção dele, a fé não basta.
Não se trata aqui da fé com obras, mas da obra que nem precisa da fé, pois fé deixa de ser fé para ser somente obra.
Às vezes Deus é projetado como uma figura distante e às vezes apática aos negócios da vida e da existência, deixando de ser o Deus das Escrituras para ser um deus para cada necessidade e que demanda sempre uma oferenda.
Suas bênçãos são compradas por dinheiro, satisfazendo a avareza de líderes religiosos que desenvolveram uma Teologia de Prosperidade a qual opera como financiamento de suas máquinas ministeriais ou eclesiásticas. O que a religião cristã romana é mestra, suas filhas evangélicas, protestantes e pentecostais a suplantaram.
A religiosidade cristã, especialmente nos meios pentecostais, sempre gera aquela presunção de que as atividades da vida não podem ser exercidas com liberdade e prazer, de que existem assuntos espirituais e assuntos materiais, de que existem coisas das quais não se fala nem com Deus, como se Ele fechasse Seus olhos ou deliberadamente tapasse Seus ouvidos para não partilhar de alguns dos aspectos da vida humana.
Religião é um túnel de escuridão, onde a luz no fim é apenas uma miragem. Quanto mais se avança, mais a luz se distancia. É um túnel sem fim.
A partir da expulsão do Éden, o homem passou a inventar mitos e a viver deles. Sem a Revelação de Deus, sempre criou conceitos, símbolos, estilos de vida, paramentos, vestes sacerdotais, culturas, enfim, toda espécie de mitos. A própria religião é um mito e gera muitos mitos. E todo mito é mentira.
Somente a revelação de Jesus Cristo - Deus Rei e Senhor - pode dissolver os mitos.
É a promessa da vinda de Jesus que fez com que homens e mulheres rompessem com a inércia, a passividade e a postergação da realização de seus anseios mais profundos. Com toda certeza puderam crer e aguardar pela manifestação da Luz que dissipa todas as trevas e pela manifestação da Verdade que os capacitaram a viver, no presente, livres das sombras e das mitologias do passado.
Contudo, poucos em Israel receberam esta revelação, por isso continuaram presos aos mitos do Judaísmo.
Toda religião é o esforço humano para agradar uma divindade. A divindade, porém, é a projeção do próprio homem e de seus anseios.
Existe um deus e um santo para cada tipo de necessidade e anseio humanos. Os deuses e os santos não surgem, são inventados.
Do mesmo modo, hoje o “Jesus Cristo” pregado por muitos milhares de pregadores sejam católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais ou neopentecostais é outro cristo, muito diferente do Verbo que se fez carne e habitou entre nós.
É um “Gesuis” que só satisfaz, é servo daquela projeção das necessidades, que precisa se encaixar nas estruturas religiosas denominacionais e eclesiásticas. É um “Gesuis” atendente, servidor, criado somente para curar e fazer prosperar.
Todo religioso somente busca agradar a si mesmo e, ao criar um ídolo, o faz como projeção de si mesmo. Torna-se semelhante ao ídolo todo aquele que o faz e o adora.
Assim, acumulam-se em todos os cantos os “falsos santos” e os “falsos cristos”, sejam os vivos ou a memória dos que já morreram.
Toda religião além de praticada é controlada pelo próprio homem. Os que controlam são muito poucos: os que souberam adestrar as multidões de religiosos em busca de bênçãos que vêm de suas próprias ambições pessoais.
Em última instância, os líderes religiosos inventam seus ritos, produzem suas preces e estabelecem as demandas que supostamente os deuses estariam exigindo.
No Cristianismo, igualmente, líderes religiosos sempre interpretam os mandamentos da Lei de Deus, tornando-os mais pesados e duros do que são de modo que ninguém jamais é capaz de satisfazer as exigências religiosas. Aqui está a base para eles tirarem alguma vantagem dos seguidores enquanto eles mesmos isentam-se de suas práticas.
Quanto mais perversas são suas demandas, mais influenciadas pelas trevas as religiões se tornam. Não existem trevas piores que as trevas da ignorância.
Os seguidores ou devotos se envolvem e mergulham num sistema de crenças, atos, práticas, raciocínios e comportamentos somados a sua profunda admiração pelos seus líderes a ponto de os colocarem numa posição de infalibilidade e de representação do próprio Deus, no caso específico de cristãos.
Qualquer tentativa de dissuadi-los de seu engano é rechaçada sem nenhuma avaliação, aliás, na maioria das vezes, nem querem ouvir qualquer argumentação que sinalize uma crítica ao seu líder.
Seguindo as manipulações dos líderes, quanto mais os seguidores contribuem cegamente com dinheiro, mais dependentes ficam. São enfeitiçados como quaisquer viciados em jogos de azar. Iludidos, eles se dão mais e mais à prática de ofertas, na falsa esperança de ficarem ricos um dia. Religião custa muito caro.
Os líderes religiosos, de fato, gostam de exigir dos seguidores a observância de preceitos, leis, regras, tarefas, rituais; a submissão a cerimoniais e a simbolismos; a constante separação do que é espiritual de todo o resto e o exercício de diferenciarem as pessoas entre si, de julgá-las e de classificá-las santas ou profanas!
Ao fazerem assim produzem uma dependência no fiel para assistirem as suas reuniões pela TV, Rádio ou outro meio de comunicação, frequentarem seus templos, participarem de corpo presente das reuniões onde o líder esteja “ministrando”, promoverem romarias.
Os mulçumanos fazem suas “procissões” para Meca; os hindus para os seus lugares sagrados, os católicos brasileiros para Aparecida do Norte e os evangélicos, protestantes e pentecostais para Jerusalém e a “terra santa.” Tudo turismo e comércio!
Por quê? Porque não conhecem e nem entendem a Graça de Deus e o sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do Calvário. Mesmo porque se entendessem e pregassem que o sacrifício de Cristo é suficiente para abençoar Seus filhos, em qualquer lugar, perderiam a clientela, pois seus seguidores iriam saber que o mesmo Deus que deu Jesus, com Ele dá aos Seus filhos todas as coisas. Sem barganha. Sem pagamento.
Outro aspecto intrigante destas quermesses é que religiosos jamais conseguem manter relacionamentos interpessoais porque, tão logo escutam algo de alguém que discorda deles e se sentem desafiados em suas crenças e convicções, cortam as relações. Religião separa os melhores amigos!
Religiosos também não sabem manter a amizade nem o relacionamento com os que não são semelhantes a eles, por isso relacionam-se somente dentro do grupo de suas afinidades religiosas.
Todos são iguais e praticam tudo em conformidade uns com os outros. É por isso que através da aparência das pessoas facilmente as identificamos com o grupo religioso a que pertencem. Batista só tem liberdade para ser batista. Presbiteriano só tem liberdade para ser presbiteriano, e assim por diante, assembleiano, adventista, católico, etc.
Religião gera toda manifestação de hipocrisia. Infunde um semblante de contrição na medida em que aumenta o empedernimento do coração. Religião dá formas uniformes para cada seguidor e cada um passa a ser conhecido pelos cacoetes de sua religião. Tudo é praticado sem autenticidade, igualzinho e previsível como sempre.
Toda religião gera ódio, o Cristianismo inclusive. Basta ler os exemplos infindáveis de sua história.
Cristãos mataram tanto quanto mulçumanos. Uns mataram os outros. Até Lutero matou judeus e Calvino, os que eram impiedosos sob sua maneira de ver.
E a Santa Sé Católica Apostólica Romana matou milhões de seres humanos em toda a sua história e, principalmente, aqueles que faziam descobertas científicas que confrontavam a ignorância de suas doutrinas. Toda religião produz chacinas.
Os judeus comuns do primeiro século eram gente assenhoreada pela exploração de todo tipo: política, social, econômica e - a pior de todas - religiosa.
Mesmo acostumados ao labor e às pressões da vida, antes de seguirem a Jesus, viviam sufocados por algo mais opressor que o trabalho escravo: os cruéis líderes religiosos, feitores da religião aos quais nunca conseguiram satisfazer e eles mesmos jamais tiraram dela qualquer satisfação. Além de viverem oprimidos pelo jugo da religião, carregavam os fardos impostos pelos romanos, ocupantes de suas terras, e pelos seus governantes locais corruptos e exploradores.
Quando o Mestre Jesus veio anunciando o Reino, as boas novas eram excepcionalmente recebidas pelo povo com alegria e satisfação.
Aonde Jesus chegava, além de as pessoas ouvirem uma mensagem incomum de Graça, Arrependimento, Perdão, Reino de Deus, logo percebiam o Seu jeito de ser e de agir e eram surpreendidas pelo mesmo, porque, ao contrário dos líderes religiosos, Ele relacionava-se com qualquer um, com todos, sem fazer acepção de pessoas, sempre servindo e servindo, nunca com uma postura de superioridade. E havia poder não somente no que Jesus dizia, mas nos Seus milagres, nas Suas curas e nas libertações de demônios que operava.
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Seu jugo era suave e seu fardo era leve. As pessoas conheciam outros poderes. Quando o Poder de Deus se manifestou entre elas na pessoa de Jesus, elas perceberam que não precisariam mais viver sob o jugo da religião e, mesmo continuando a viverem no Império Romano, estariam seguindo a Jesus, O Rei de outro Reino.
É somente na perspectiva dos relacionamentos que vamos entender a razão pela qual Jesus comia e bebia vinho com publicanos e pecadores.
Os seguidores de Jesus eram gente simples. Se não eram simples, tornavam-se. As Boas Novas do Reino eram novas de alegria, muita alegria. E, ao seguirem Jesus, experimentavam uma liberdade extraordinária.